APRESENTAÇAO – III de III
A BUSCA DA VERDADE
A nossa consciência é a presença de Deus e sua lei em cada um de nós. Nosso Criador, sendo a perfeição, não pune ninguém.
O bem é a conduta do ser criado dentro das regras da sociabilidade para a integração no todo universal. O átomo sabe de sua função no corpo em que atua e se desenvolve, executando suas funções com perfeição, tendo seu caminho livre para se integrar. Mas, como nós mesmos, sabe que a deverá cumprir mesmo que o faça mecanicamente, até que se conscientiza do que faz e por que o faz.
Sejamos nós um átomo no Universo ou não, já temos a consciência do que é certo e do que é errado. Já não se trata de atividade mecânica, mas de atividade que nos integrará no Todo, mantendo a nossa individualidade. E quando fazemos o que não devíamos, causamos um desequilíbrio na orquestra maviosa do universo e tal atitude nos pesa e nos impele a um comportamento que refaça o equilíbrio que foi conturbado, para o repararmos; temos então, sem dúvida, que para corrigirmos os erros cometidos quando encarnados em corpos físicos ou não, teremos de retornar quantas vezes forem necessárias para nos libertarmos do peso que nos assola; o remorso (a culpa), que será finalmente vencido pelo esquecimento. O Universo é o equilíbrio. Todas as vezes que violamos esse equilíbrio, teremos de o corrigir, restabelecendo-o. É nosso dever e sem essa correção não seguiremos para frente.
Porém, teremos de nos situar na faixa evolutiva em que nos encontramos. Temos exemplos no mundo da diversidade do comportamento do grupo a que nos ligamos. Como agir para vencermos nossa ignorância e progredirmos? Da mesma forma como quando nascemos, vamos aprendendo as lições da vida em que nos ajustamos, pausadamente, ano após ano, crescendo em cada etapa da vida. E aí vamos nos distinguindo. Cada um de nós tem uma personalidade e aprendemos de acordo com ela. Numa sociedade como a que nos encontramos, todos deveríamos ter o mesmo tratamento para nos possibilitar aprender cada vez mais com a experiência própria e a daqueles que nos vieram ensinar ou dos que aprendem conosco. A diversidade do desenvolvimento nos diferencia. Disse no tempo um sociólogo religioso que “se déssemos a ele um recém-nascido, ele faria dele um anjo; se déssemos a ele um recém-nascido, faria dele um demônio.” Como se todos fossemos iguais. Ensinava ele que deveríamos dar a todos os que iniciam a vida corpórea o mesmo cuidado, o mesmo tratamento, as mesmas oportunidades, para criar um cidadão útil a si próprio e à sociedade. Em ambientes diversos, existem os que se dedicam ao bem e os que se dedicam ao mal. E nem todos, no mesmo ambiente seguem os mesmos caminhos. Os desvios se dão em todos os níveis, e cada qual dirige seus rumos baseados no conhecimento já alcançado e que passa a fazer parte de nós próprios.
E o que se faz? Estabelecemos desde o nascimento do ser em sua nova experiência, padrões diferentes: alimentação, educação, sociabilidade, oportunidades, tudo diferenciado e por isso experiências diferentes para cada um. Entre os menos beneficiados pelo tratamento desigual encontramos tipos grotescos, tal como encontramos também entre os mais beneficiados, logicamente praticando crimes diferenciados e certamente conscientizando seu erro; a sua consciência é que lhe dirá o que é certo e errado. Não estamos julgando, estamos analisando as diversidades que nós próprios criamos.
Não vamos ingressar na filosofia para nos mostrar que cada um tem o que merece, melhor dito sociologicamente que cada um tem o que precisa. A diferença é brutal. Merecer e precisar faz a diferença. Muitos têm pouco a pagar; muitos têm muito a pagar. O certo é que todos temos de buscar a verdade para escolhermos os nossos caminhos com a certeza de que estaremos no caminho certo. Não poderemos deixar que os chamados líderes religiosos, acadêmicos, políticos, nos guiem e permaneçamos no escuro, confiantes e talvez aproveitando as oportunidades que a vida fora da convicção nos oferece. Se formos buscar nos livros, temos passagem que se adapta ao que pretendemos demonstrar. Está em Mateus 15,14 “são cegos e guias de cegos. Mas se um cego guiar a outro cego, virão ambos a cair na cova.” Quem tem autoridade divina para guiar os demais? Padre, pastor, médium, filósofo, profeta? Cada um de nós lendo um trecho interpreta de acordo com seu próprio conhecimento, evolução e tendência. É pessoal o valor.
Estejamos alertas em todos os momentos de nossas vidas e muito cuidado com a aceitação de frases bonitas e enfáticas e que não conduzem a nada; muito cuidado com os que vivem da fé dos outros enriquecendo-se às custas deles. Existem espertos em todos os níveis de conhecimento, espiritual e material. O amor, a prática do bem, são as maiores bênçãos que nós nos podemos dar. Procurando conhecer os evangelhos e os atos dos apóstolos, pesquisamos sobre o tema de nosso estudo e encontramos algumas indicações. Na oração “PAI NOSSO” nos é ensinado a “perdoar as nossas dívidas assim como devemos perdoar nossos ofensores” e no Atos dos Apóstolos 3,19 “Agora mudem de ideia e de atitude para com Deus, voltando-se para ele, a fim de que ele possa cancelar os pecados de vocês 20 e mandar, da presença do Senhor, tempos maravilhosos de alívio, e enviar-lhes novamente Jesus, o Cristo de vocês.” As traduções são como sempre controvertidas. A que transcrevi acima foi a Nova Bíblia Viva, ed. Mundo Cristão 2010; diferente da de Huberto Rohden, Novo Testamento, União Cultural Editora Ltda. que nem me permito transcrever para não nos desviarmos do objeto deste estudo; mas preferindo a da Bíblia de Jerusalém da ed. Paulus (2002): 3,19 “Arrependei–vos, pois, e convertei-vos , a fim de que sejam apagados os vossos pecados.”
Descobre-se, com esta leitura e compreensão o que há de ser entendido, quando, prosseguindo a leitura, vemos em Lucas 6, 37“Não julgueis, para não serdes julgados; não condeneis, para não serdes condenados; perdoai e vos será perdoado.” Um membro do Ministério Público e um Magistrado não praticará pecado algum cumprindo o seu dever de ofício, desde que atuem com equilíbrio e sem o desejo de praticar o mal, mas de cumprir com dignidade suas funções. Não terão com suas ações provocado qualquer distorção. Também no caso de jurados, haver-se-á de ter mais comiseração porque a lei pretende nesses casos que haja mais emoção e dá a leigos o dever de analisar os fatos.
A lei divina não condena ninguém e não julga ninguém. Nós é que nos condenamos. Nossa consciência não esquece os erros que cometemos e não nos permitirá esquecer até que consigamos a bênção desse esquecimento (o cancelar ou o apagados grifados acima) o que só ocorrerá com o nosso próprio merecimento, quando restabelecermos o equilíbrio universal que truncamos com nossas ações indevidas. E para tanto, devemos praticar o bem. Os nossos erros só apagamos com a aplicação do bem na medida inversa da gravidade dos atos praticados, não dos atos em si mesmos, mas do mesmo peso do desequilíbrio causado. Não é a lei de talião, do olho por olho, dente por dente. Esta é vingança. Inexiste na lei divina. Inexiste na doutrina espírita.
Talvez seja difícil para alguns entender como tal ocorre. Digamos que cada ação nossa, de um lado tenha um peso. Assim uma pessoa tira a vida de outra, terá em sua consciência espiritual esse mal praticado. A bênção do esquecimento só lhe será alcançada quando por suas ações, na prática do bem, equilibrar a balança cósmica com o mesmo peso do desequilíbrio causado. O bem apaga o erro, ou a prática do amor apaga o pecado.
Nós sofremos, ao sermos alertados de que precisamos corrigir nossos rumos, tal como a febre nos avisa que algo está errado com nossa saúde e devemos pesquisar onde o desequilíbrio físico nos desestabiliza. A dor não apaga os erros. A dor nos desperta para a vida correta, para a prática do bem. Pensemos nas ações que praticamos e que nos arrependemos por tê-las praticado. As ações que nós guardamos desta encarnação, que julgamos mal feitas, se somarão às que nosso espírito não esqueceu do passado, em outras vidas. Daí é fácil entendermos a lição de Thiago de que o ‘amor cobre uma multidão de pecados’. Não é simples? Sem esconjuramentos. Sem complicações. Sem julgamentos.
Mas não nos esqueçamos nunca: Deus nosso Pai nos quer bem e deseja que cresçamos, desenvolvendo-nos na prática do amor a todos; não nos pune e quando necessário nos ensina, enviando-nos seus filhos crísticos para nos ensinar. E, para nós, o mais importante não é só aprender, é praticar.
Partamos para nos orientar para a prática do bem, primeiramente a nós próprios e, então, conscientes de nossos deveres, para atrair nossos irmãos que conosco convivem.
VALDEMIR F SILVA
Muito bom os textos, o senhor como sempre produzindo a clareza na mente humana de forma simples e bem explicativa.
Clycida
Só para ilustrar:
“A lei divina não condena ninguém e não julga ninguém.”
Essa frase me fez recordar de uma situação, que nos faz ver que o esquecimento do espírito, qdo retorna à carne, é gradativo.
Estávamos todos conversando, e André, então com uns cinco anos, fez uma malcriação. A babá, na hora, o repreendeu e disse: André, não fala isso, Deus te castiga.
Lucas, com quatro anos, sem parar de fazer seu desenho responde: Não, Deus não castiga ninguém, nós é que nos castigados.
Todos ficamos com “cara de paisagem”.